He came in black Asking “why are you sad?” “I’m not sad” I answered “I am tired” I whispered “How can you be tired, young lady?” “What have you done lately?” “I have done nothing” I cried “That’s why I’m frightened” “I fear the loneliness, I fear the night” “My dreams, they’re only in black and white”
Dia após dia, Vi teu rosto austero desfalecer Noite após noite, Vi a vida que era dia, anoitecer Esqueci-me de antes e do depois Esqueci-me da luta e de toda dor Esqueci-me de que tudo o que era frio Teu dócil corpo fizera calor. E agora noite e dia a procurar Pele tão pálida para tocar E minha vil sede matar De teus doces lámbios E me lambuzar.
A porta do quarto foi fechada assim como a única janela que trazia luz àquele cômodo tão familiar. A culpa transbordava nos olhos da menina e escorria pelas maças pálidas de seu rosto. “Eu tenho que contar”. A garota se remexia na cama, apertava o travesseiro contra o peito com tanta força a ponto de doer-lhe as costelas. No ouvido, um zumbido ensurdecedor, eram os anjos insistindo em atormentá-la. Pôs os pés no chão e tateou o piso frio até que encontrou seu chinelo. Sentou-se na borda do colchão e balançou-se para frente e depois para trás, como uma criança nos braços cuidadosos da mãe. Inspirou forte tragando todo o ar que pôde, levantou-se meio cambaleante e relutante, abriu a porta e espiou o corredor. Vazio. Andou até o quarto dos pais. A imponente porta encontrava-se fechada. A menina, que agora, sentia-se criança, procurou a maçaneta; esta se encontrava tão distante, tão alta. Fora a garota que diminuíra ou fora a porta que crescera? Sendo incapaz de rodar o pequeno objeto metálico, encostou o rosto na porta e bateu com uma força um pouco maior do que a suficiente para ser ouvida. A gigantesca barreira de madeira afastou-se da garota que imediatamente olhou para o alto. - Mãe? Preciso falar com vocês! A pequena mulher afastou-se da filha e voltou a se deitar na cama ao lado do marido. A menina arrastou-se até perto da cama, pondo-se em frente à TV ligada em algum programa monótono. Só o aparelho foi ouvido, pois a garota sussurrava palavras que nem ela podia ouvir. Os dedos dormentes beliscavam-lhe a cintura encorajando-a a falar, mas a boca seca emudeceu e dela só se pode ouvir um suspiro de derrota.
Oh, Noite pálida e gélida!
Nem uma estrela te deste o trabalho de estampar
Nessa tua face singela tão bela
Que humanos cá na terra
Esquecem-se de respirar.
Oh, fria Noite!
Tão quieta quanto o mar profundo
Deixaste a Lua sozinha
Deixaste frio o mundo.
Oh, Noite lúgubre!
Nem uma alma te deste o trabalho de embalar
Nessa tua casa tão assombrada
Fizeste o Sol amanhecido
Ao te ver, recuar.