- Não é nada


Então você se vira para mim e pergunta o motivo de eu estar tão quieta. Eu não respondo, apenas balanço a cabeça como se não houvesse nada para se preocupar, como se minha cabeça não estivesse atormentada por pensamentos ruins e bons ao mesmo tempo, como se meu coração não estivesse sendo esmagado pelo peso de amar você.

- Não é nada – eu respondo. Mas o que eu quero fazer é gritar para espantar o medo que tenho de perder você, quero abraçá-lo como se esta fosse a única maneira de sentir que você é meu, quero protegê-lo de tudo e todos, pois esta é a única forma de me manter segura. Você não sabe, mas cada silêncio meu é uma luta, uma agonia, e uma paz mortal. Ás vezes apreciar você em silêncio é o melhor que posso fazer, melhor do que te presentear com palavras atormentadas e pensamentos confusos.

Mas se você insiste em sua pergunta, só por mais um minuto, talvez eu possa te mostrar o que tem dentro de mim, toda minha insegurança e temor. Mas eu prefiro balançar a cabeça e emudecer, mantê-lo a salvo de todo o caos que sou eu.

Quanta espera

Ele não tem medo de falar de amor, ela não gosta do mau uso da palavra. Ele prefere atos, pois seu discurso é ruim, ela escreve para não ter que falar. Ele tem medo de dizer o que sente, ela não o faz com medo da reação dele. E ficam assim, nesse silêncio ensurdecedor, bocas secas emudecidas e corações palpitantes, esperando que os lábios se abram entre tantos beijos para pronunciar uma frase que aterroriza os mais fracos.
Mas nada é dito.
Quanta espera, quanto tempo?

Quanto tempo


Quanto tempo até que esse sentimento que arranha arranque um pedaço de mim? Quanto tempo até que tudo o que não faz sentido seja compreendido e aceitado, abraçado e acolhido?
Sentir-se inundada por memórias, um sorriso lhe brota no rosto, então começa uma luta contra as lágrimas que insistem em escorrer, o que é isso que me faz estremecer?
O que é essa sensação de falta quando estamos longe, de extrema felicidade quando estamos perto, de desespero na despedida? O que é isso que me acorda durante as noites quando sonho com seu rosto? O que é isso que me faz dormir pensando em você e acordar pensando em você?
Por que meu coração bate mais forte, sinto meu sangue borbulhar e me esqueço de respirar cada vez que você chega mais perto?
E essa pressão no peito, olhos marejados e bochechas avermelhadas? E o sorriso envergonhado, olhos baixos e braços cruzados? E as mãos que aos poucos se encontram para nunca mais se soltarem?
Quanto tempo até que esse sentimento que me destrói por dentro seja chamado de amor?

He came in black


He came in black
Asking “why are you sad?”
“I’m not sad” I answered
“I am tired” I whispered
“How can you be tired, young lady?”
“What have you done lately?”
“I have done nothing” I cried
“That’s why I’m frightened”
“I fear the loneliness, I fear the night”
“My dreams, they’re only in black and white”

Don't let me fall asleep




No, don’t let me fall asleep
I gotta see your face one last time
Don’t let me close my eyes
In my dreams you won’t be mine

Tell me some story
Whispered words in my ear
Tell me all your secrets
Baby, don’t ever leave

I need you here
Right here by my side
U can play with my hair
I can play with your lie

I’ll pretend this night is real
Tear drops in a cold rainy night
Feeling lonely, where are you?
I wish you could be mine

Esqueci-me


Dia após dia,
Vi teu rosto austero desfalecer
Noite após noite,
Vi a vida que era dia, anoitecer
Esqueci-me de antes e do depois
Esqueci-me da luta e de toda dor
Esqueci-me de que tudo o que era frio
Teu dócil corpo fizera calor.
E agora noite e dia a procurar
Pele tão pálida para tocar
E minha vil sede matar
De teus doces lámbios
E me lambuzar.

A Porta



A porta do quarto foi fechada assim como a única janela que trazia luz àquele cômodo tão familiar. A culpa transbordava nos olhos da menina e escorria pelas maças pálidas de seu rosto.
“Eu tenho que contar”.
A garota se remexia na cama, apertava o travesseiro contra o peito com tanta força a ponto de doer-lhe as costelas. No ouvido, um zumbido ensurdecedor, eram os anjos insistindo em atormentá-la.
Pôs os pés no chão e tateou o piso frio até que encontrou seu chinelo. Sentou-se na borda do colchão e balançou-se para frente e depois para trás, como uma criança nos braços cuidadosos da mãe.
Inspirou forte tragando todo o ar que pôde, levantou-se meio cambaleante e relutante, abriu a porta e espiou o corredor. Vazio.
Andou até o quarto dos pais. A imponente porta encontrava-se fechada. A menina, que agora, sentia-se criança, procurou a maçaneta; esta se encontrava tão distante, tão alta. Fora a garota que diminuíra ou fora a porta que crescera?
Sendo incapaz de rodar o pequeno objeto metálico, encostou o rosto na porta e bateu com uma força um pouco maior do que a suficiente para ser ouvida.
A gigantesca barreira de madeira afastou-se da garota que imediatamente olhou para o alto.
- Mãe? Preciso falar com vocês!
A pequena mulher afastou-se da filha e voltou a se deitar na cama ao lado do marido.
A menina arrastou-se até perto da cama, pondo-se em frente à TV ligada em algum programa monótono.
Só o aparelho foi ouvido, pois a garota sussurrava palavras que nem ela podia ouvir.
Os dedos dormentes beliscavam-lhe a cintura encorajando-a a falar, mas a boca seca emudeceu e dela só se pode ouvir um suspiro de derrota.


Saudando a Noite



Oh, Noite pálida e gélida!
Nem uma estrela te deste o trabalho de estampar
Nessa tua face singela tão bela
Que humanos cá na terra
Esquecem-se de respirar.

Oh, fria Noite!
Tão quieta quanto o mar profundo
Deixaste a Lua sozinha
Deixaste frio o mundo.

Oh, Noite lúgubre!
Nem uma alma te deste o trabalho de embalar
Nessa tua casa tão assombrada
Fizeste o Sol amanhecido
Ao te ver, recuar.


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